Em julho, no mês dos avós, a Diocese italiana de Bérgamo, no lugarejo Sotto il Monte, faz festa para as crianças, as gestantes e os avós, graças a Angelo Giuseppe Roncalli, nato em 1881, na Rua Colombera 5. Ele viveu até 1963 e tornou-se São João XXIII.
Hoje, na sua casa natal tem museu, igreja, loja, sala de graças recebidas, o quarto onde nasceu, e a grande atração: a sala das crianças nascidas pela sua intercessão. Ela é cheia de coisas rosas ou azuis. São almofadinhas em forma de coração, estrela e carro de bebê. Flor de fita, travesseirinho de tule ou broderi, com o nome da criança ou nato Luca, arrivata Nina, porque a ele se atribui milagres relacionados a gestantes e a bebês doentes, sendo a maioria dos pedidos feitos pelos avós.
Onde passou, fez o bem. Quando bispo na Bulgária, soube da bomba na Igreja Ortodoxa no ataque ao Rei Boris III. Vendeu obras de arte e refez a igreja, abriu o hospital católico aos feridos, onde foram tratados de graça e visitados por ele. Ao sair da Bulgária, o povo o seguiu pela estrada com velas acesas.
Na 2ª Guerra, como cardeal, salvou 80 mil judeus europeus, mandando-os à Palestina. Em Veneza, salvou 100 mil só com certidão de batismo e documentos falsos.
Era franciscano e seu lema papal foi: obediência e paz. Seria um Papa de transição, e o foi por cinco anos. Bem humorado, um fofo por dentro e por fora, corajoso, atento, ficou conhecido como santo com açúcar. Quando eleito, por ser gordo, nenhuma roupa lhe coube das que estavam prontas esperando a votação. Vendo-se no espelho, falou: "Se Jesus sabia que eu seria
Papa e numa época em que já inventaram a TV, bem que poderia ter-me feito mais bonito!".
Com sua vida fez a diferença. No Concílio Vaticano II revolucionou a Igreja implantando a missa celebrada na língua de cada povo. No fim do Concílio, disse aos fiéis: "quem vos fala é um irmão, que se tornou pai por vontade do Senhor, junto - paternidade e fraternidade - Fratres sumus. Fé, esperança, caridade, amor de Deus e de irmãos. Ao voltares para casa, encontrareis vossos meninos. Fazei-lhes uma carícia e dizei: esta é a carícia do Papa."
Ele quebrou protocolo que não permitia ao papa sair sozinho, nem no jardim. Numa saída, se perdeu num corredor e assustou uns avós peregrinos. Aí disse: "estão perdidos? Eu também".
Noutra ida, soube que o salário de cozinheira, faxineira e jardineiro eram baixos. Subiu seus salários e baixou os que achava altos.
Também ia pela cidade, cadeias e hospitais, gesto seguido pelos sucessores, mas gostava mesmo era de avós e netos. Tinha um grande coração, era atento às famílias, as gestantes, aos avós e as crianças, em especial as doentes. Hoje é um santo dos avós.
Caro leitor, tens neto? Sabias das particularidades da vida deste santo que ouve os pedidos dos avós?